terça-feira, 3 de agosto de 2010

classe c roots

Pois bem, antes que eu mesma ache que, DE REPENTE, não sou mais classe C, porque não posto mais aqui, devo lembrar-me de que SIM, sou classe c ainda.

Antes continuar C do que regredir pra D de novo, senhor.


Mas aí tá, né.
Como eu já disse alguns posts antes, eu tenho o tal do RANÇO DO POBRE. O que é o ranço do pobre? É aquilo que só a gente que é pobre e já foi mais pobre ainda sabe o que é.

É o falar alto, é o não saber se vestir, é o cabelo descuidado?

Não. Não é nada disso.

Na verdade, o ranço de pobre é algo muito subjetivo. Nós que somos pobres não entendemos, porque NÉ,a gente nunca consegue enxergar nossos defeitos. Fora que a gente convive entre a gente. A não ser no emprego. Mas quem é rico ou finge ser ou convive muito com gente rica e MITIDA sabe o que é.


Tá que eu nem vou ficar falando de ranço de pobre aqui, mesmo porque não tenho muito o que falar disso, só queria citar o negócio pra dar uma polêmica básica neste blog parado por 8 meses.


E que vai voltar com força total agora HAHAHAHAHA. Necessidade é mato. SOCORRO, SOU CLASSE C PRA SEMPRE.



Então outro dia eu saí de chinelão GENÉRICO (não prestou nem pra ser Havaianas, porque as Havaianas custavam o dobro do preço do que da marca genérica sub lider de mercado), e os dedos dos pés no estado de puro nojo, ou seja, unha ferida, unha pintada cor sim cor não, não faço as unhas mesmo e pé sujo porque meu pé é da galera.


Azar, porque eu não ando olhando pra pé de ninguém, e quem anda olhando pro meu pé precisa procurar alguma coisa pra fazer, porque né.


Aí saímos, fomos ali lanchar, de lá íamos todos andar pelas ruas de Ipanema, andar a pé mesmo, e íamos chegar lá de ônibus, várias linhas, porque a gente que é pobre precisa fazer excursão na rua. E de ônibus urbano.


Antes de pegar o coletivo (e, como eu sempre digo, adoro falar de ônibus, contei todas as novidades dos onibus cariocas que eu sabia), o povo que tava comigo (e que, bem ou mal, aparentam ser mais classe B do que eu, embora também sejam C), resolve que quer ir no lugar menos apropriado do mundo: O SHOPPING LEBLON.


O shopping leblon é sempre uma questão. você pensa WOW, SHOPPING LEBLON UHUL, e realmente, ele é rico uhu, só tem loja que eu não entro (exceto a renner, de vez em quando tem que ver né), não tem lojas americanas, a praça de alimentação lá é minúscula e só tem restaurante que não consigo falar o nome. Exceto Bob's. E Spoleto. E ... tá, mesmo assim. Não me atende. Aliás, até atende, a vista da praça de alimentação é lindíssima, Lagoa Rodrigo de Freitas, Cristo Redentor, você lá do outro lado da Praça de Alimentação já vê essa majestosa vista, aí quando vc chega perto da janela pra admirar melhor ou tirar uma foto, você vê logo abaixo da janela a Cruzada de São Sebastião.


O que é a Cruzada? Dá um google quem não sabe, preguiça de explicar.

Quer dizer, nossos colegas classes D e E coladinhos com o templo, o antro da classe A, AA, AAA e XXX.


Há quem diga que atrapalha a paisagem, mas eu, que não nego as origens, achei maneira a favela condominial coladinha com O shopping.



Mas então, eu já tinha ido nesse lugar uma vez com uma ex-colega de sala que veio ao Rio e teve que ir ao shopping fazer uns relatórios sobre o shopping. Maneiro.


Nessa brincadeira eu acabei conhecendo o banheiro público mais limpo e cheiroso até que o meu próprio banheiro particular.

E como não acostumo com essa automação de coisas tipo TORNEIRAS, me atrapalhei toda na hora de lavar a mão, mas não desisti, porque sou brasileira e o banheiro tava vazio.


Aí quando eu fui nesse shopping com minha amiga trabalhadora, eu ME ESMEREI TODA, pintei as unhas do pé (porque tava muito calor pra colocar sapato), coloquei uma SANDÁLIA (de segunda mão, e sem salto, claro, porque não sei andar de salto), coloquei uma das melhores roupas que eu tinha (uma calça jeans e uma blusa de malha de marca famosa, comprada em bazar), e lá fui eu abalar bangu no shopping leblon.



Não posso dizer que as pessoas me olhavam torto por causa do meu ranço de pobre, porque não tinha ninguém andando por ali.



Aí então voltando ao topo do post, I digress, I know, o povo com quem eu tava resolveu ir ao shopping leblon assim, de supetão, no meio da rua, eu com um vestido qualquer, pé tosco no chinelão genérico, GENTE.


Vou ter que ir em casa trocar de roupa!!!

NÃO. Porque a preguiça é mais forte.


Fui. Daquele jeito mesmo.


Olha, foi uma aventura, principalmente porque entrei numa loja chique desse jeito e ó, pelo menos as vendedoras tavam ignorando todo mundo que tava lá dentro mesmo.



Consumismo

Bom, segundo milhares de sites de economia e a fonte mais confiável de todas, a revista Veja, a classe c tá bombando geral.



Tudo bem que ninguém sabe exatamente o que é classe c, porque tem lugar que diz que é nêgo que ganha 700 reais, outro diz que é 10 salários minimos. Então, fica aí o dilema.



A classe C bomba porque os pobres estão ficando mais ricos e os ricos estão ficando mais pobres. Belo resumo da ópera. Lembrando que eu faço parte da primeira parte da frase.



Aí agora a nova moda é ouvir a classe c na hora de inventar ou reinventar produtos. Tudo agora é de acordo com a classe c, novos hábitos da classe c, etc.



Agora teve aí a reinvenção da marca do shampoo seda. Olha, antes de ser classe c, eu sou cética e conheço bem as estratégias toscas de publicidade que existem nesse mundão de meudeus. Então, quando caio em algum marketing, pode-se dizer que foi uma queda voluntária. Então quando vi aí falando do novo shampoo seda, que teve consultoria de sei lá quem aí poderoso do mundo capilar, que é profissional, e isso e aquilo, eu só pensei: BULLSHIT! Mudaram a embalagem de novo em menos de 2 anos! Tudo merda!



Então a revista Veja desta semana tem aí falando dessa estratégia. Que é verdadeira. E tudo mais, e vem escancarando os novos hábitos da classe c. Porque a classe c quer um shampoo barato, mas que não deixe o cabelo armado e parecendo um arame. A classe c é poderosa, tá. A unilever até confessou que usava produtos inferiores na fabricação do Seda depois que moças da classe c reclamaram que o cabelo ficava simplesmente horrível depois de usá-lo.

Aí é que entra eu nessa historia, porque o seda sempre foi merda com os meus cabelos, por isso não tenho coragem de usá-lo desde, ahn,,, 1999? Enfim. Mas é que na matéria fala dos hábitos capilares novos da classe c, e não pude deixar de comparar com os meus. Tá no sangue, colega.



- Classe C quer cabelo cheirosinho depois que lava.



- Classe C quer shampoo mais grosso, porque Classe C acha que shampoo ralo é porcaria.



- Classe C quer shampoo que custe até 5 reais.



- Classe C não quer ficar com cabelo armado e parecendo palha.



Nossa, que classe mais exigente. Porque pobre tem que lavar a cabeça com sabão de côco.